Todos os dias somos bombardeadas com imagens de mães perfeitas. Lindas, altas e esbeltas, frequentadoras assíduas do ginásio mas sempre bem arranjadas penteadas e maquilhadas com os seus filhos de revista. Todos muito bem arranjados, impecavelmente vestidos e penteados e com ar de quem não se mexe mais de 10 cms sem pedir licença. Casas bem decoradas, limpas e arrumadas, com peças de decoração de vidro e porcelana espalhadas por todo o lado e sofás brancos, quase a parecer que nunca foram utilizados.
Isto é tudo muito bonito, na fotografia, mas não é real. Há amas, empregadas e muita preparação por trás daqueles cenários.
Qual é o problema disto? A expectativa que as mães criam em torno delas por estarem tão longe deste retrato ideal. Estas expectativas, podem, em alguns casos, levar a que a mãe se sinta incompetente no seu papel. Ora como é que não parando 24 horas por dia não sabe o que é o ginásio nem última vez que foi ao cabeleireiro?
Como é que, em vez de ter uma casa limpa, perfeita e imaculada, tem substâncias não identificadas agarradas à parede e uma cozinha que parece ter passado por uma guerra?
Como é que, ao fim de um ano da criança ter nascido, não está a usar calções reduzidos e o umbigo de fora e ainda se esconde atrás de roupas que tapam aquilo que nunca lá esteve e agora teima em não sair?
Basta! Basta desta pressão invisível mas tão forte colocada nas mães, que têm de ser mães, mulheres, trabalhadoras, amantes, amigas, donas de casa e, ao mesmo tempo, manter um físico invejável, cabelo e unhas no ponto e um ar fresco a mostrar que afinal não custa nada.
Custa, claro que custa. E não é pouco.
Se o trocávamos por outra coisa qualquer? Não. Prefiro ter olheiras e o cabelo desarranjado mas ter tempo de qualidade com a minha filha.
Prefiro ter brinquedos espalhados na sala do que mantê-la sentada sossegada a um canto, sem brincar, só para ficar tudo bonito.
A vida não é perfeita, porque é que a maternidade haveria de o ser?
Aceitem-se como são e pensem que, daqui a uns anos, os nossos filhos não se vão lembrar das nossas madeixas, unhas perfeitas ou corpos esbeltos, mas sim do tempo de qualidade que passámos com eles, e isso não há nada que pague.