sábado, 29 de julho de 2017

Querida pessoa (que não conheço de lado nenhum) :


Eu percebo. A minha filha é fofinha. Todos os bebés o são. Sorri, é simpática, bem disposta, um amor. Quer meter conversa com ela. Eu compreendo. O que eu não compreendo é a necessidade que tem de lhe mexer, quando não a conhece de lado nenhum. Juro que não entendo. A minha filha é uma pessoa e não um acessório. Tem direito ao seu espaço, à sua intimidade, e não tem de ser mexida por estranhos só por ser pequena. 
Pior que isto é ver a sua cara de espanto ou irritação quando eu peço para não lhe tocar. Parece que estou a dizer que tem sarna. Não querer que mexa na minha filha não é duvidar da sua higiene ou carácter, é apenas a minha forma de pedir que respeite o seu espaço. 
Já pensou que, se calhar, é a 5a ou 10a pessoa neste dia que tenho de afastar? Imagine o que seria estar a passear e ter, a cada dois minutos, pessoas que não conhece de lado nenhum a esticar a mão para lhe tocar. Não tinha lógica nenhuma pois não? Quanto é que isto passa a ser normal quando falamos de uma criança?  

Próxima vez que vir um bebé que não conhece de lado nenhum pense duas vezes antes de esticar a mão. Sorria. Mãe e filho agradecem. 



quarta-feira, 26 de julho de 2017

Para ti, Mãe que não dorme

Só quem tem filhos que não dormem consegue perceber o quão desesperante e desgastante isto é.
Não, não estou a falar das Mães que têm filhos que só dormem bem aos 3/4 meses. Estou a falar das Mães que, como eu, sobreviveram a noites com 2/3/4 horas de sono (nunca seguidas) durante anos.

É fácil reconhecer estas Mães. São aquelas que, assim que conhecem outra Mãe perguntam se o filho dorme bem. 
São Mães exaustas, sem memória, a funcionar em piloto automático e sempre a agarrarem-se às teorias que aparecem.

Lembro-me de viver por etapas:

"Isto melhora aos 6 meses, vais ver!"

"Não foi aos 6 meses? É ao ano de idade, de certeza que vai começar a dormir aí"

"Ao ano e meio é que é! Só pode ser!"

"Aos dois anos costuma melhorar!"


Ao ano e meio de idade a Madalena acordava de hora a hora. De HORA A HORA. Na altura ela dormia no quarto dela e à 3a/4a vez que acordava trazia-a para a nossa cama. Estava-me pouco lixando para as teorias do "Não a podes por a dormir contigo que só piora!!". Eu só queria descansar. 

Chorei muito. Muito mesmo. Durante a noite quando já tinha acordado 10 vezes e ainda nem eram 4 da manhã. À noite quando a ia adormecer e ela demorava uma hora no processo. De manhã, quando ela acordava e eu me sentia como se tivesse sido atropelada por um camião, exausta.

Procurámos ajuda. Ouvimos MUITAS opiniões não solicitadas. Percebemos que ela é mesmo assim. Até na escola, onde normalmente dormem bem é das últimas a adormecer e passa algumas sestas acordada.

Para nós o ponto de viragem foram os 2 anos. Se dorme noites inteiras? De vez em quanto sim. Mas o simples facto de só acordar uma ou duas vezes por noite melhorou substancialmente a minha qualidade de vida.

Ainda tenho muitas horas de sono (e sanidade mental) para recuperar, mas queria partilhar a minha experiência para as Mães que ainda estão a passar por isto.

Vai melhorar. Pode demorar um ano, dois anos, três. Mas vai melhorar. Eles vão dormir melhor e nós vamos voltar a ser pessoas normais.

Entretanto falem, peçam ajuda, desabafem com as amigas. E não desesperem. Vai correr tudo bem. 

terça-feira, 11 de julho de 2017

Deixem a minha filha em paz

Como muitas Mães, desde que a Madalena começou a comer o cuidado com o que entra cá em casa aumentou. É normal.
Felizmente há cada vez mais informação disponível e é possível fazer uma escolha consciente do que queremos ou não fazer quanto à alimentação dos nossos filhos.

Desde o início que optámos por lhe oferecer uma alimentação o mais clean possível: com biológicos, sem alimentos processados, sem açúcar, com muita fruta e legumes e, acima de tudo, com muita saúde. Posso dizer orgulhosamente que a Madalena adora comer bróculos  e cenouras crús, sopas, toda e qualquer fruta e é extraordinariamente feliz assim.

Infelizmente para muitas pessoas há sempre o elemento "coitadinha".
O que é o elemento "coitadinha"? Passo a explicar:

"Não come chocolates?? Coitadiiinha..."
"Não lhe dás chupas?! Coitadiiiiinha..."
"O quê? Só lhe dás fruta de sobremesa?! Coitadiiiinhaaa!"

Acho que dá para perceber a ideia. E a ideia chateia-me.
Pensar que, com tanta informação disponível sobre as quantidades absurdas de açúcar ingeridas pelas crianças e o malefício que isso lhe traz, como é que isto ainda é um assunto?
Todos os dias preparo almoço e lanche para a Madalena levar para a escola e ainda lhe junto peças de fruta para comer durante o dia. Eu considero isto um investimento na saúde dela, e não há nada mais importante que isto.

Se somos completamente fechados quanto à alimentação? É claro que não. De tempos em tempos come pizza, um gelado ou rouba umas batatas fritas no restaurante, mas isto são as excepções que nós escolhemos fazer.

Agora ouvir, vezes sem fim, que a nossa filha é uma coitadinha por não comer o peso dela em açúcar é que não consigo entender. Ouvir o que ela está a perder por não comer toda e qualquer porcaria que acham que ela iria adorar é absurdo e não consigo ficar calada. Isto tanto de pessoas que nos são muito próximas como de plenos estranhos no meio da rua.

Isto chegou ao ponto de no supermercado, estando a Madalena a comer bróculos crús toda contente, uma mãe com uma criança com 1 ano mal feito que comia um chupa-chupa me ter dito "A comer bróculos crús?! Por favor..:". E eu não respondi. Não consegui.

Eu não peço muito. Apenas que respeitem a nossa decisão (e que absurdo me soa dizer isto, já que a decisão consiste em dar uma boa base para o resto da vida dela) e que nos deixem em paz. Não sofram por ela, porque quem a conhece sabe que há poucas crianças tão felizes (e saudáveis) quanto ela. Tem toda uma vida pela frente para comer tudo o que lhe apetecer. A nossa obrigação é dar-lhe as bases e, acima de tudo, o exemplo. O resto só depende dela. 

A título informativo deixo alguns links com notícias sobre o assunto.









sábado, 8 de julho de 2017

Elsa - a omnipresente

Ontem à noite a história foi diferente. Em vez do livro foi dia de projectar a história na parede (depois partilho, foi das coisas mais giras que comprei).
Depois de contar a história 3 vezes, a seguinte foi projectada no tecto e deitámo-nos as duas no sofá. A meio da história o meu marido veio juntar-se a nós e deitou-se ao lado da Madalena.

Nesta idade o sentido de posse da Madalena é intenso, logo quando o pai se deitou do "lado dela" do sofá ela começou a empurrá-lo para o meu lado.

Na tentativa de a acalmar o Miguel pergunta:

"Madalena, porque estás a tirar o papá do sofá? Tu sabes quem comprou o sofá?"

A Madalena olha para ele com um ar sério e pergunta:

"Foi a Elsa?"

Eu viro-me para o outro lado para ela não perceber que estou a rir e o Miguel continua o diálogo:

"Não Madalena, foi a mamã e o papá.

A Madalena olha para ele durante uns 3 segundos, calada, e depois pergunta com ar sério:

" E a televisão? Foi a Elsa? "