domingo, 24 de julho de 2016

As Mães da praia

Mãe profissional

Muito fácil de topar. Chega à praia às 8 da manhã munida de tanto arsenal que, quem não perceber, julga que se vai mudar para lá.
Tem o chapéu de sol com protecção UV e traz a criança besuntada de creme da cabeça aos pés. Essa mesma criança vem tapada da cabeça aos pés com roupa também com protecção UV.
Ainda a criança não tocou com os pés no chão e já leva com mais uma dose de creme, que está quase a ver-se a pele. De hora a hora ou, depois de cada ida à água, leva um reforço.
Os lanches são todos biológicos, trazidos em recipientes sem BPA e armazenados de uma forma profissional numa lancheira que não permite a oscilação de mais de 2 graus de temperatura.
Às 9.30 já está a arrumar novamente o arsenal e a sair da praia.

Mãe dondoca

Duas coisas são certas: tem sempre mais que um filho e nunca vai sozinha com os mesmos para a praia. Nem sabe bem o que é que leva no saco, mas espera que a empregada tenha posto tudo aquilo que faz falta.
Os filhos têm nomes compostos, como Caetana Benedita ou Salvador Santiago, e andam sempre de crucifixo ao peito.
Não grita, e mantém-se longe de tudo o que possa dar cabo do look. É comum ouvi-las dizer, horrorizadas: "Salvadoooooor!! Não toque na mãe que está gelado e cheio de areeeeeiaaaaa!!!"


Mãe descontraída 

É aquela mãe cool que tem tudo sob controlo. Leva o mínimo para a praia porque sabe que haverá por lá muita mãe profissional com material para dispensar. 
Não tem grande trabalho com a comida porque o filho come o que ela comer.
Dá espaço ao filho, e mesmo quando este cai de cara ao chão e apanha com uma onda em cima, fica calmamente a olhar para ele, porque "ele sabe-se orientar".


Mãe pedagoga

É uma variação da mãe profissional. Tem todos os cuidados da anterior mas junta-lhes a necessidade de transformar tudo o que o filho faça, veja ou ouça numa lição. Faz questão de soletrar bem o que diz e enfatizar as palavras que julga ser mais importantes.
"Estás a usar o ancinho? Ele serve para A-LI-SAR a areia. A pá serve para FAZER BU-RA-COS ou A-PA-NHAR areia."


Mãe desesperada

É aquela que ainda não se chegou à areia e já se sabe que lá está, porque tem como forma de comunicação o berro e, como forma de correção de comportamento, o bofardão.
Escolhe um ponto estratégico da areia e, a partir daí, controla os filhos (sim, é sempre no plural) ao grito.
"ZÉ MANEL!!!! ANDA CÁ PARA APANHARES!!! QUEM TE MANDA ENCHER A BOCA DO TEU IRMÃO DE AREIA!!?!"
Os miúdos geralmente apanham a caminho da toalha, onde vão enfardar umas batatas fritas de pacote e, se tiverem sorte, os restos do frango assado do dia anterior.
Não tem protector solar no saco de praia e, se os filhos aparecem escaldados ao final do dia, diz-lhes que é bem feita para não serem parvos.


Mãe que desistiu

É a mãe que está cinco passos à frente da desesperada. 
É comum encontrá-la à beira mar, a olhar para o infinito com um balde cheio de água na mão, sem saber muito bem porque o tem.
Enquanto contempla o mar os filhos destroem castelos, pontes e buracos que encontram enquanto arrancam os brinquedos das mãos dos outros miúdos e, muitas vezes, os utilizam para lhes bater. Se os filhos são rapazes, é altamente provável que, a uns bons metros do mar, decidam fazer xixi para a areia só porque sim, sem que nada lhes seja dito. 



1 comentário:

  1. Mãe descontraída... sem dúvida! Come o que houver e se cair, levanta-se ;)

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