quinta-feira, 21 de julho de 2016

Não ganhei para o susto

Na 3a Feira perdi uns bons anos de vida. 
Ter filhos faz disto.

O dia começou demasiado cedo. Às 5.20 a Madalena decidiu que era alvorada e lá ficámos a brincar até ser hora de a despachar para a escola. Estava bem disposta, alegre e sorridente como sempre.
Quando a fui buscar soube que só dormiu uma hora na sesta. Estranho. Nunca dorme menos de duas e, tendo acordado de madrugada, esperava que dormisse melhor.

Chegámos a casa e comecei a fazer a sopa e jantar dela, enquanto ela estava ao meu lado a brincar com os copos de plástico. De repente vejo pelo canto do olho que ela tropeça e cai para cima de um escadote de dois degraus que tenho na cozinha. Não pareceu nada de grave, o escadote é de plástico, em princípio estaria tudo ok. Ela começa a chorar agarrada ao braço. Pego nela, dou beijinhos e coloco a mão no corovelo, onde ela se queixa. Sinto a mão quente.
Tiro a mão e só vi sangue. Pus o cotovelo debaixo de água e vejo um lenho profundo na pele que não parava de sangrar.

A partir daqui o tempo parece que começou a andar a uma velocidade diferente. Agarrei num pano para fazer compressão e fui procurar um dos meus telemóveis para ligar para o inem. Como estava sozinha em casa e o cotovelo não parava de sangrar achei que seria imprudente pô-la no carro para ir para o hospital.
Lá encontrei um telemóvel e liguei. Estava nervosa e com a fala atabalhoada mas lá expliquei a situação e pedi ajuda.
A Madalena esteve sempre ao colo e gritava, assustada por me ver nervosa e por lhe estar a fazer compressão com a toalha.
Decidi ir para a rua esperar pela ambulância e aproveitar para a levar a casa dos vizinhos com cães, que ela tanto adora ver. Assim que se viu à frente do primeiro parou automaticamente de chorar e quis fazer festinhas.
Menos mau. Aí acalmei.
Percorri o bairro com ela ao colo a parar em todos os cães que me lembrava. De vez em quando ela lembrava-se que lhe estava a comprimir o cotovelo e queixava-se, mas assim que via outro cão passava-lhe.

Depois do que me pareceu ser uma eternidade chegam, ao mesmo tempo, o meu marido (a quem liguei logo a seguir ao inem) e a ambulância.
A Madalena foi vista pelos bombeiros. Com a compressão a hemorragia tinha estancado mas a lesão era realmente profunda e precisaria de cola ou pontos. 

Como ela já não sangrava o Miguel perguntou se seria possível levá-la antes a casa da mãe, que é médica, para encerrar a lesão com Steri-strips e os Bombeiros concordaram que seria uma boa opção. Assim escusava de ir para o Hospital apanhar a bicharada que por lá anda e, sendo o procedimento feito pela avó, o stress seria muito menor.
Fiquei muito sensibilizada não só pelo cuidado e carinho com que viram a Madalena, como por esta atitude, que só demonstrou que estavam realmente a pensar no bem estar dela.

Agradecemos, despedimo-nos e lá fomos os 3 a casa da minha sogra, que pôs o cotovelo da Madalena como novo em tempo record.

Voltamos para casa, ela jantou, foi para a cama dormir e depois de ela adormecer caiu-me tudo.
Chorei o que não chorei enquanto ela esteve acordada e tive pesadelos toda a noite. Acordei de hora a hora para vê-la.
No dia a seguir ela estava óptima. Tirando o penso ninguém sonharia que se tinha passado alguma coisa. Já eu parecia que tinha levado uma tareia.

Agora é enchê-la de beijinhos e mandar fazer uma armadura, que o meu coração não aguenta muitas aventuras destas...






Sem comentários:

Enviar um comentário