quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A Birra

Posso dizer que tive muita sorte. A Madalena é uma bebé extraordinária (quantas vezes já disse isto?...). Bem disposta, de sorriso muito fácil, só chora quando tem sono, fome ou está incomodada com alguma coisa. Não é bebé de birra "só porque sim".

Antes de ser Mãe confesso que a minha tolerância era pouca. Se estava num local público e uma criança começava aos berros achava que os pais deveriam controlar melhor a situação (é tão fácil criticar os outros...). 
Verdade seja dita há pais e pais, e há birras e birras, mas a conclusão a que cheguei foi que não devemos criticar, pois não sabemos o que se passa naquela casa.
Há pais que não dormem (sabiam que a privação de sono é um método conhecido de tortura?..), casais que se incompatibilizam nesta fase devido ao cansaço acumulado, problemas familiares, problemas da própria criança, tanta coisa...

Noutro dia, ao final da tarde, estava com a Madalena no shopping e apareceu uma Mãe com uma criança aos berros. Ela desesperada, a olhar à volta, tentava acalmá-la de todas as maneiras possíveis. Eu estava à espera de elevador e vi-a aproximar. Quando chegou ao pé de mim tinha o miúdo ao colo. Ele gritava, berrava, esperneava de tal maneira que já estava quase de cabeça virada para o chão. A Mãe,com um ar assustado, vê-me com a Madalena (que felizmente não apanha com facilidade o choro alheio, logo estava feliz e contente da vida) e pede desculpa. Diz que esperava que a Madalena não aprendesse com ele. Eu ri-me e ela espantou-se. Disse-lhe para não se preocupar, que ele era pequenino e que havia dias assim. Que no dia seguinte ele já estaria impecável e ela nem se lembraria deste episódio e que tinha um filho lindo. 
Ela parou e olhou para mim com uma cara muito séria. (Ainda pensei que fosse dizer que eu era louca, mas não). Respirou fundo e agradeceu. Disse que fez o corredor todo com a criança naquele estado e a única coisa que tinha recebido foram olhares de reprovação e comentários desadequados, e que das poucas vezes que isto tinha acontecido, nunca ninguém tinha dado uma palavra de apoio. 
Nisto chega o elevador, deixei-a passar à minha frente e ela lá foi.

Com isto pus-me a pensar. Realmente é verdade. É fácil criticar, muito fácil mesmo. Difícil é tentarmo-nos colocar no lugar dos outros. 
Quantas vezes já vi Mães passarem pelo mesmo e não fiz nada?
E se fosse eu? Não me saberia bem uma palavra de apoio?

Por isso Mães que por aqui andam, sejam mais tolerantes umas com as outras. Ajudem, apoiem, digam uma palavra simpática. 
Nunca sabem quando será o vosso dia a precisar dela!

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